sábado, 22 de maio de 2010

Até quando

Por vezes me pergunto até quando. Até quando o disfarçar da tristeza, até quando a angústia, o auto-desprezo, a ganância morta, os olhares fortuitos, a não subjetividade, a não profundidade, até quando a superficialidade, até quando esse correr de olhos, correr de passos, correr de nada. Até quando esse vazio, essa sombra, essa corrida, esse vento sem direção, até quando esse vasto deserto de sonhos, essas pessoas, essas ruas tão ligeiras, tão vazias. Até quando esse estar aqui sem fé, apenas com a cinza da esperança. Até quando esse repúdio, até quando essa vontade de estar perto, essa vontade de sorrir, de abraçar você, de te beijar, de te dar carinho. Até quando esse não ser completo, até quando essa vontade de viver, de estar lá e não aqui. Até quando os mesmos caminhos, até quando o não encontrar-se, o afastar-se, o deixar, o devir, o estar do lado de fora, o não fazer parte. O não mostrar a si mesmo, o não mostrar aos outros, a não auto-afirmação, o desvio, a volta, o ciclo, o nada novamente. O pensar e repensar, os caminhos que não levarão você a lugar nenhum, o socorro, a busca, o bater de mãos, o pegar o ar, o não sentir com lágrimas, a contradição, os momentos fortuitos de dor, o não apego, o não amar, o abastar-se, o esquecer, a marca, a marca que fica... que sempre fica, as lembranças, o cheiro, a memória, os dias apáticos, o céu nublado, a solidão, a falta, o balanço das folhas, a água, o estar aqui, a existência parecendo completa... até quando.

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