sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Passado do futuro

Ano novo, bom, ótimo. Que surjam novas oportunidades, ou melhor, que as façamos surgir. Aquela velha história dos nosso caminhos: criamos ou eles aparecem à la vonte? Parece-nos estranho ter que aceitar nossos destinos, e a vida dá tantas voltas, culpá-lo de nossas quedas é fácil. Difícil é pensar que nossos erros são sempre erros. E que nossos acertos são fruto de nosso esforço. Será mesmo isso verdade? Às vezes tudo soa tão prepotente e hipócrita. Melhor seria pensar que o cosmos pode nos ajudar, ou que então nossa trilha traçada nos guia todos os dias à mercê dos eventos pré-estabelecidos? E nossas escolhas, será tudo bobagem? Hoje é apenas o primeiro dia do ano e claro, muitas coisas vão acontecer, muitas voltas vamos dar novamente, mas eu, com toda a sinceridade, não quero mais ter que aturar todas essas dúvidas. E ainda assim, que fazer? Vamos trabalhar muito para enriquecer! Mas e se eu não durar mais dois anos? Vamos aproveitar a vida! Mas e se eu viver ainda cinquenta anos? Quantas dúvidas me assolam, e vão continuar por quanto tempo...
Mas, contudo, viver é bom. Essa frasesinha sempre está de prontidão na minha mente, claro que não voluntariamente, devo ter lido em qualquer desses livros estúpidos de auto-ajuda. E o pior de tudo é a incerteza do futuro, a instabilidade de nossos dias, de nossas convicções, que quase deixam de ser pela fraqueza, não de sua estrutura mas da corrosão provocada pela turbulência dos tempos. E nossas mentes cada vez mais vazias. Onde estão aquelas ideias tão boas, aquela motivação que eu tinha aos 15 anos? Vontade de ser compositor, músico, escritor, famoso, tantos sonhos e hoje apenas uma sombra de esperança deles resta. A tristeza e a melancolia dos dias...
Vejo em que tornei-me agora, ou melhor, em que não me tornei. Sou apenas um músico amador que toca em casamentos, mas que contudo, aspiro ainda a muitas coisas. Talvez não seja aquela fé que eu precisava ter, talvez seja apenas um "pode ser que aconteça..." e isso não é de todo ruim, significa que algo dentro de mim não desapareceu ainda, a motivação não é a mesma, mas também não estou um completo morto. Considero perdidos esses dois anos que saí da escola, sem estudar é como se nada fizesse sentido, continuo lendo em casa, não o quanto lia no colegial,
mas ainda assim, porém é como se eu estivesse num vasto campo, onde pareço ter liberdade, mas no fundo não sei ainda que rumo tomar. Ora penso neste, ora naquele, mas no final todos convergem a um mesmo ponto: o vazio. E por mais que eu tente disfarçar isto, é a impressão mais profunda que tenho de tudo. As marcas permanecem tão vivas aqui, e ao mesmo tempo essa neblina que cobre meus olhos e a minha vida fazem tudo desaparecer num segundo. E eu procuro o amor, a paz, a serenidade, a união, a amizade, onde estão... não os encontro, e por vezes a busca se torna enfadonha. Desistimos para recomeçar no momento seguinte, como um ciclo que nunca acaba. E nos desgastamos, pedaços de nós vai ficando no passado, e cada novo episódio só confirma a tristeza e a melancolia da vida. Acho que não tenho mais convicções, talvez seja já um fracassado, mas eu ainda me pergunto se algum destes que se julgam tão úteis, no fim não sentem o mesmo: as evasivas do não-ser.

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