sábado, 11 de dezembro de 2010

Guia

É estranho vivenciar todas essas fases da vida. Porque a cada dia é como se nascesse um novo eu, é como se um novo caminho surgisse, é como se uma nova luz de esperança nascesse no horizonte. E o mais incrível da vida é saber que o futuro é incerto, e que no entanto depende apenas de nossas escolhas. Ser feliz, ser sozinho, ser um fracasso, tudo é consequência do que escolhemos. Eu particularmente escolhi ser feliz, escolhi passar por cima de todas as mágoas e ressentimentos do passado. Escolhi não ter medo das incertezas, nem do desconhecido. Decidi viver com os pés no chão, com bases sólidas naquilo que pode reforçar minha fé na vida a cada dia. Decidi me guiar pelo amor, e que meu coração me diga e eu vá onde devo ir. Decidi não ter preconceitos. Decidi ter um coração limpo, que ame e reconheça cada gesto de generosidade que se evidencie.
Melhor assim, ser transparente com a vida, comigo, com meus amigos. O tempo passa tão depressa, quero aproveitar ao máximo o pouco tempo que me resta com a vida, porque logo chega a velhice e quero ter histórias pra contar a alguém. Não quero ter que dizer que vivia com minha tristeza, cheio de preconceitos e raiva. Quero dizer que tive amigos maravilhosos, que eu confiava, que confiavam em mim. Quero contar de momentos únicos e inesquecíveis. Quero ter o que contar sobre o amor, sobre a amizade, sobre a sinceridade e sobre a vida. Ter meus sonhos realizados e uma vida feliz, com um coração que transborde generosidade. Que passe energia e possa contagiar quem esteja perto.
Enfim, quero que as coisas sejam mais limpas daqui pra frente, que a vida flua livremente, que os momentos sejam mais marcantes, que esse cinza vá embora de uma vez. Que a alegria esteja presente, que os amigos não se ausentem, que eu perceba, que eu sinta, que eu viva.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Desvio

É foda você querer viver sem tem que correr atrás de reconhecimento. Parece que quanto mais longe eu vou, mais sem amigos eu fico. E eu me importo, todos os dias. Querendo chorar, querendo estar rodeado deles, mas a impressão que tenho é que por qualquer motivo que não conheço eles não me querem mais. Talvez seja apenas essa minha desconfiança, essa falta de fé na vida. Talvez seja real. O tempo da solidão chegou. Aqui, na sala, eu tento não lembrar mais dos momentos felizes do passado, me traz um sentimento de inveja, talvez por eu ter mudado realmente, por não conseguir ser mais aquela pessoa querida que eu era. Talvez porque eu tenha ambicionado outras coisas, e nessa corrida pelo ser mais, eu fui longe demais, perdi meu caminho e agora nem sei mais onde estou. Perdido, essa deve ser a palavra. A mágoa apenas. Realmente não quero voltar mais, nem tentar ser quem eu era, quando estava cercado de boas pessoas que me amavam. Porque talvez um dia elas me abandonem, e eu torne a ficar novamente aqui, sem esperança. E busque outros caminhos, outra vez, tentando me reencontrar, fugindo da solidão e da tristeza.
Já tenho trilhado boa parte do caminho, não tem por que mais querer voltar. Vou continuar por mais que a dor insista, por mais que eles não queiram voltar para mim, que não se lembrem mais, eu vou continuar andando. Porque sei onde quero chegar e sei por onde estou indo. E por enquanto parece seguro.
Eu sei que vai doer, e sei que vou suportar essa dor. Sei que o vazio pode parecer grande, mas atrás desse muro cinza é como se pelas frestas eu pudesse enxergar já a luz do céu que, com força tenta me alcançar. E atrás desse muro um jardim com muitos pássaros, colorido e felicidade me espera. Eu creio.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lutar

Os dias passando tão rapido, às vezes esqueço até em que ano estamos. Parece que não há nada em absoluto de diferente em mim, como se nada tivesse mudado, eu continuo um menino, que se encanta e desencanta desse mundo ao mesmo tempo, de tudo. Só resta a lembrança remota da felicidade digna e autêntica que tive um dia, com amigos sinceros, e um coração puro. Atrás de todo esse colorido reina um imenso cinza. Mas eu vou continuar lutando, pra sobreviver em meio a tudo isso. Esse meu coração, que parece esmagado, faz eu querer chorar a cada instante. Faz eu querer me fechar, e esquecer o mundo, contemplando assim toda dor e toda a angústia da minha alma. Eu sei o que é viver, e ser feliz, e ter amigos, e querer viver mais e mais, aproveitar cada segundo com a maior intensidade possível. Mas tudo esvaiu-se. Eu tento subsistir, mas é como se algo me puxasse para baixo, ou para trás.
Mas vai ser natural que eu continue lutando, pela conquista, pela emancipação, pelo não querer sofrer mais. E uma hora eu tenho que conseguir, não vou deixar de acreditar, cada dia é um degrau que subimos, a cada dia está mais perto a bandeira. Por mais que toda a pressão, e essa angústia continue por algum tempo, uma hora ela vai sucumbir, e vamos vencer. Acreditemos.

sábado, 27 de novembro de 2010

O Natal

Eu vejo pessoas que já passaram pela minha vida e lamento por terem saído. Pessoas verdadeiramente especiais e inesquecíveis que deram sabor aos meus dias. Pessoas essas que merecem não mais que toda a felicidade do mundo, por serem tão mágicas, por serem o que são. E todos os dias agradeço aos céus por terem passado por mim, por terem deixado em mim uma marca, por terem feito eu conhecer a amizade, o carinho, o amor de amigo. Agradeço por fazer eu sentir saudades, do tempo, deles, dos momentos mágicos, das alegrias, ainda que fortuitas, guardadas para sempre.
Perdi em absoluto todas as pessoas que me faziam sentir-se especial. Até a pouco no emprego eu as tinha, pessoas que viravam e reviravam meus sentimentos, que mexiam comigo, mas saí de lá. Pude experimentar mais uma vez a magia da amizade sincera, da compaixão, da afabilidade. Mas estou pronto para começar novamente. Querendo ou não haverá agora um recomeço, minha vida vai mudar, e eu quero mais uma vez encontrar essas pessoas tão especiais que fazem a vida ser bela. Eu sei que o destino já as reservou para mim, basta encontrá-las. E desfrutar de tudo que a vida tem de melhor, o amor.
Ainda mais que já entramos em clima de natal. E eu fico encantado com as luzes, com a fantasia do papai noel, com os pinheiros coloridos, com as caixas de presente e seus laços, com a imagem das renas, do céu estrelado, da ceia com a família reunida, da paz, da amizade. Toda essa coisa do natal é fantástica, em todos os sentidos. Mas tem marcado minha vida por todos esses anos. Tenho já meus dezenove anos, mas sinto como se tivesse ainda a alma de uma criança. Às vezes me acho parecido com os poetas, Vinícius, Carlos Drummond... homens maduros que não têm medo de se entregar e exaltar as paixões pueris de uma criança. Envolto nesse clima tão maravilhoso a vida é bela, a família se torna perfeita, os risos tão cheios de alegria, os olhares tão intensos, olhos com lágrimas olhando o céu, relembrando momentos bons, deixando a energia do ar tomar seus corpos e suas almas. Quanta bondade, quanta paz, quanta harmonia ainda existe no mundo. Que maravilha.
E assim é o natal, assim acontece todos os anos, essa divindade na terra, essa coisa tão envolvente e especial nos domina, nos alegra, nos deixa felizes. Faz todas as pessoas se sentirem especiais, e é disso que todos precisam. Ninguém quer ser invisível, as pessoas querem ser notadas, e o natal as faz assim. Até parece que nem existe mais rico e pobre, preto e branco. As pessoas se olham e sorriem alegremente, a felicidade é envolvente. Assim podemos gozar de mais um natal, de mais um fim de ano cheio de alegria e paz.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Vida

Às vezes é preciso olhar mais longe. Ousar. Tentar ver além do que o horizonte nos proporciona. E para isso, basta reparar em gestos simples de amor, carinho, compaixão, amizade. Porque sem isso a vida não seria. Isso é a vida, as coisas simples e boas. Por isso ame, vamos amar acima de tudo. Esquecer por um tempo a maldade do mundo, a violência, a mentira, o engano, e ver o universo de alegria que a vida tem para nos oferecer.
Ler um bom livro, ouvir uma boa música, abraçar, ir ao teatro, sorrir, olhar para o céu, cantar com os pássaros... A beleza de poder ver, ouvir, sentir a essência da vida, esse poder absoluto que nos envolve a cada dia se deixarmos. Esquecer os compromissos, responsabilidades, negócios e parar um pouco para sentir, sentar na janela, tocar Djavan no violão e olhar os cavalos passearem no campo de uma chácara repleta de pássaros a cantarolarem e dançarem no ar. Isso é vida, isso é viver, isso é sentir.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Responsa

Tem um momento que, em absoluto, não dá mais. É hora de jogar tudo pro alto e deixar que o vento carregue as folhas. Você tenta ser flexível, porque o sistema te obriga, a correr atrás de dinheiro, de boas relações, de harmonia. Mas num momento você entra em colapso, e ae fudeu. Você é derrotado. Por aquele cara que está dentro de você. Que não quer harmonia com o mundo, mas quer harmonia com você mesmo. Não adianta lutar mais, tudo é em vão, ele venceu. Tem de ceder. E é isso. Vai ser você, no âmago, no puro, no intrínseco, doa o quanto doer, não se pode mais disfarçar, nem metamorfosear mais nada.
No fundo você sabe que é mau, e toda aquela responsabilidade vai por água abaixo, justamente por você não ser naturalmente um cara responsável. Você redescobre que é o cara que só quer comer, dormir, jogar bola, pegar uma mina aqui e ali, jogar videogame, e só. Nada de estudar, nem trabalhar, nem correr atrás de querer um futuro próspero financeiramente. Você sabe e sente agora na pele que é o cara que só sabe ter uma vida mansa, livre de responsabilidades e muitos esforços. É difícil, mas é a realidade. Você tenta de todos os modos ser o cara super motivado, e no fim, redescobre que você não é essa pessoa. E que se quer conservar alguma integridade vai ter de aceitar como realmente é.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vida boa

Pode parecer loucura, mas a cada dia que passa esse vazio me consome mais e mais. Às vezes falar disso é como se não resolvesse nada, palavras ao vento, sem compromisso, sem rumo, sem motivo. Falar por falar. Mas e quê? Estamos aqui pra isso, pra falar ao vento, para cantar aos pássaros, para pensar em nada. Porque simplesmente nada faz sentido. Acordar todos os dias sem saber o que vai acontecer, andar, comer, dormir, trabalhar, viver. Apesar de tudo, apesar desse aparente vazio, a vida é boa. Muito boa. Existem surpresas, e eventos realmente marcantes, que por vezes fazem você querer acreditar que tudo vale a pena.
Eu tento fugir desse drama, desse "Ó noite, ó dia", mas inevitavelmente eu falo assim, eu me expresso assim. Pareço melancólico, triste sempre. Se alguém lesse meus textos me acharia a pessoa mais aborrecida do mundo. E na verdade eu não sou, eu sou quase feliz. Não de todo porque sempre falta algo aqui e ali, mas enfim, eu sou uma pessoa alegre. Nem sou triste. Esses textos dramáticos que escrevo falando de vazio e tristeza são pura literatura. É só um jeito de escrever, acho que não sei escrever c0isas alegres. Mas enfim, isso que acontece. A vida continua, com seus momentos bons, e seus momentos que parece a vida e o mundo ser um nada. O vazio. O cinza.
Eu nem tenho ido ao teatro. Nem escutado música clássica. E me irrito pouco. Nem faço mais academia, leio apenas religião, é o que eu gosto. E continuo dando aulas de música, tocando, paquerando de vez em vez uma aqui outra lá, sem querer compromisso. E é isso.
Espero me divertir mais ainda que já tenho me divertido. Muito mais. Quero viajar, um dia casar, e ter filhos, ver meus netos, meus filhos se formando e sendo felizes e então posso morrer feliz. A vida é boa!

sábado, 22 de maio de 2010

Até quando

Por vezes me pergunto até quando. Até quando o disfarçar da tristeza, até quando a angústia, o auto-desprezo, a ganância morta, os olhares fortuitos, a não subjetividade, a não profundidade, até quando a superficialidade, até quando esse correr de olhos, correr de passos, correr de nada. Até quando esse vazio, essa sombra, essa corrida, esse vento sem direção, até quando esse vasto deserto de sonhos, essas pessoas, essas ruas tão ligeiras, tão vazias. Até quando esse estar aqui sem fé, apenas com a cinza da esperança. Até quando esse repúdio, até quando essa vontade de estar perto, essa vontade de sorrir, de abraçar você, de te beijar, de te dar carinho. Até quando esse não ser completo, até quando essa vontade de viver, de estar lá e não aqui. Até quando os mesmos caminhos, até quando o não encontrar-se, o afastar-se, o deixar, o devir, o estar do lado de fora, o não fazer parte. O não mostrar a si mesmo, o não mostrar aos outros, a não auto-afirmação, o desvio, a volta, o ciclo, o nada novamente. O pensar e repensar, os caminhos que não levarão você a lugar nenhum, o socorro, a busca, o bater de mãos, o pegar o ar, o não sentir com lágrimas, a contradição, os momentos fortuitos de dor, o não apego, o não amar, o abastar-se, o esquecer, a marca, a marca que fica... que sempre fica, as lembranças, o cheiro, a memória, os dias apáticos, o céu nublado, a solidão, a falta, o balanço das folhas, a água, o estar aqui, a existência parecendo completa... até quando.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Café

Ali no café, já era passado das dez horas, e ela nada. Qualquer adversidade poderia ter se tornado um obstáculo naquele encontro. Virara rotina, não era o primeiro, já estava acostumado. Ela a cada dia mais bela, passavam ali das dez ao meio dia conversando sobre suas vidas, sobre seus sonhos. Aqueles encontros, todos eles tinham sido perfeitos, nem na adolescência, nem em nenhum outro momento da sua vida teve seus dias tão harmoniosos. Financeiramente só devia agradecer a Deus. Seus sonhos realizados. Tinha terminado já sua pós em música, durante um tempo estivera dando aulas de história da música na universidade e agora decidira dar um tempo. Tocava na orquestra que sempre desejara e como se não bastasse tudo isso, ainda encontrara a mulher dos seus sonhos. Ela tão cheia de vida e classe, aspirava às mesmas coisas, realizara-se quase que da mesma forma. Tudo tão perfeito, durante a adolescência se desiludira tantas vezes achando que alma gêmea nem existisse. Mas agora era real, a conhecera numa exposição de arte contemporânea e agora estavam todos os dias a se encontrar no café, conversavam sobre o mundo, assunto nunca faltava, ela era tão perfeita, o seduzia a cada palavra, a cada olhar. Contudo, nem beijo nem dava tinha acontecido, apenas as conversas. Que embora distante, profundo. Mas não tinha com o que se preocupar, não pensava mais como antes. E agora, mais que em qualquer outro momento tinha a impressão que o ritmo da vida os aproximava, a cada dia sentia ela mais perto. Não queria apressar as coisas, já a essa altura tudo estava bem, chegara longe, mais do que sempre imaginara, aos poucos sentia conquistar a mulher dos seus sonhos.
Olhava a rua, manhã nublada, as pessoas passavam apressadamente pelo calçadão movimentado. Tantas pessoas, tantas convicções, tantas ilusões. Ninguém o notava ali. Em algum momento sentara na mesma mesa e por dentro chorava. Não que não tivesse ninguém, tinha os melhores amigos do mundo que sempre estavam preocupados com ele. Mas ainda sim se sentia sozinho, parecia que não era o suficiente. E ninguém ali o notava, era como se não existisse. Todas voltadas para os seus problemas, ninguém a fim de compartilhar, saber se está tudo bem, se precisa de algo, se quer uma companhia. Por vezes se confundia em meio a tantos pensamentos, tanta vontade de viver. Mas ali estava ele, mais uma vez, tão apático, tão previsível, na monotonia de sua alma. Por que as coisas funcionavam assim? Ele realizara seus sonhos, mas não a ele mesmo. Tantos esforços para conseguir o que queria, e conseguiu. Mas não era o suficiente, precisa de alguém, precisa de um amor. Todas as garotas da sala, as paqueras, ficava com elas, mas não sentia o essencial, o amor. E ali, na faculdade de artes o amor era a motivação de muitos, alguns compunham suas músicas todas baseadas no amor. E parecia para ele tão distante...
Ali, olhando a rua, Por que as pessoas não paravam um segundo e não conversavam? Por que um desconhecido não apertava a mão de outrem? Todos a passos largos, para o emprego, para a entrevista, para a compra, para a escola. Ninguém notava ninguém. Cada um vivia sua vida com seus botões, sem notar a presença de outro ser humano.
Mas enfim, tudo passara, ele também ignorava os outros agora, estava demasiado ocupado, apaixonado, obcecado, tudo por aquela garota, aquela mulher, que era o ideal para ele. Concentrara todas suas forças nela, talvez até não intencionalmente, mas agora estava tudo posto à mesa. Sua vida depositada em uma mulher. Perdera a conta de quantos presente, a cada dia um recomeço, conhecia a vida dela, sabia onde morava, os pais, tudo em tão pouco tempo, era como se no fundo a vida devesse compensar todo o tempo que esteve fora, fora da vida apaixonada.
Ela chegara, com toda sua elegência, seu sorriso maravilhoso, seu cabelo preto, longo e tão brilhoso, suas mãos tão brancas, seus olhos verdes reluzentes, o contorno dos lábios de uma sutil perfeição. Ali estava ela, mais um dia, e ele a contemplá-la, aquela formosura esplêndida, o seduzia e encantava. E ele acreditava, convicto, que ficariam juntos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Paz

Agora nada importava mais. Os problemas se fizeram tão evidentes, a irritação, a desilusão, tudo fez-se cair de súbito. Sem expectativas, sem avisos, tudo num momento. Mas não importava. Agora a paz que o invadia era incontestável. A conhecia bem, o suficiente para saber que ela o acompanharia o resto de sua vida, se ele não resolvesse doravante espantá-la. Mas não era tolo. Abraçara essa paz com toda a ternura do mundo, queria fazer dela sua companheira, sabia que podia confiar, ela nunca iria o desamparar.
Tantos caminhos, tantos relevos, tantas oscilações, tantas expectativas, mas valeu, valeu a pena. Experiência fora o que ganhara e agora sabia que tais caminhos não eram 'acertados' nem 'sustentáveis'. Sempre conhecera a verdade e por tantos momentos decidira se esconder, ou traçar outros rumos, mas misericordialmente ele está novamente na linha reta, esperamos que continue assim. Paz - não tem preço.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PS.:

PS.:

E agora eu já nem sei mais em absoluto que fazer. As forças esvaíram-se, as esperanças se acabaram, fé eu já não tenho a tanto tempo.. Apenas o pó da vida e do pensamento me restam, o vazio já me consome, minhas mãos já não querem mais tocar, nem meus ouvidos ouvir, nem minha língua sentir gosto algum. Um passado remoto e distante, cheio de evasivas e más lembranças. Um presente cinza, desprovido de qualquer coisa que lembre vida. Como no caos, como as ruínas de uma cidade pós-guerra, como um vento sem direção. Futuro creio nem existir mais. Mas que fazer. Diante de tanta coisa que acontece lá fora, aqui dentro estou eu, vestido de sacos e cinza, em cima de meus próprios despojos, saturado e consumado, pela vida, pela fadiga, pela angústia, pela dor. A música que soa é a mesma de um sino, badaladas e mais badaladas, anunciando a chegada, a chegada do fim. Onde tudo é aterrorizadamente abalado e destruído pela grande tormenta. Num momento tenho essa impressão, mas já no momento seguinte lembro-me que é tudo fantasia, porque já passou, e agora nada mais resta. Somente o pó, a cinza, e as lembranças de um passado que nunca foi, de um vida que nunca foi. De um Eu tão falso e invisível, que duvida da própria existência, que por vezes imagina ser a sombra de alguém, ou um fantasma. Prosseguindo sem sair do lugar, o tempo pára comigo, porque eu sei que aqui dentro as coisas nunca mudam, o espaço não muda, nem o tempo anda, nem o cinza jamais se tornará colorido. Vida, quem é você. Mostre-me se um dia existiu em mim e eu em ti, ou se para mim nunca foi, nem nunca será, ou se não passa de uma ilusão minha e dos homens, ou quem me dirá se aqueles também não são ilusão. A incerteza, ela nos basta. Porque vivemos com ela. Talvez a sejamos, talvez sejamos a consciência da incerteza, talvez sejamos ambos ilusão.

sexta-feira, 26 de março de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Presença

E os dias se passavam. Tão rapidamente que era impossível contar as horas. Uma, duas, três, era impossível. O colorido da vida, as valsas, os jogos, as gargalhadas, onde estava tudo aquilo agora? Era feliz num segundo, mas ali, naquele canto da sala subjugava seu passado, um passado ainda que distante, feliz. Mas estava demasiado longe. E ele nem lembrava agora mais o que era a alegria, como era ser feliz. Sabia que fora um dia, mas agora lembrava da felicidade saindo por aquela porta, junto com as cartas, com as lembranças, com os abraços, com os momentos, com ela. Tudo que tinha, tudo que teve um dia. Mas agora era tarde, o tempo passara, passara, e nada mais restava. O vazio, a sombra o tomava. Em todos os cantos da sala havia um duende que o apontava e o acusava por seus erros. Sabia que errara. Mas errar era humano, todos diziam isso. Mas talvez ela não soubesse. Ela queria um namorado perfeito, ela queria alguém que ele não pudera ser. Ele era só... um garoto, mais um. Com seus sonhos, tristezas, aspirações, e sabia que era, sim, diferente. Olhava os outros, com suas hipocrisias, com frases prontas - quantos clichês. Todos dizendo ser diferentes, mas ele os colocava todos no mesmo saco, porque sabia que eram iguais, essa era a verdade. Mas não ele, ele era diferente, tinha essa convicção, e sabia que malgrado tudo, um dia poderia encontrar a garota perfeita, seria difícil, mas conseguiria.
Olhava o céu, nublado, um dia lindo, lindo para ele. Que adorava a apatia, a melancolia, o cinza. Era como se tudo isso desce a ele forças. E todo esse tempo que estivera sozinho pôde refletir sobre muitas coisas, pôde compreender quem era e para quê estava ali. Sabia qual caminho seguir agora, não existiam mais dúvidas, contudo faltava a presença. E essa presença precisava ser imediatamente preenchida. E aí que seus pensamentos vacilavam, porque ao passo que queria deixar as coisas fluírem até encontrar o par perfeito, algo dizia a ele que deveria sair às ruas, que em casa, na sua solidão, e naquele quadro de pensamentos jamais apareceria alguém. E sabia que tudo que precisava agora era de uma garota, uma garota. Não importava quem, queria apenas aquela presença feminina, o cheiro, o cabelo, os braços, as palavras, os lábios, os sentimentos, algo que soasse feminino. Queria a presença de uma garota. Sim, agora estava decidido, devia sair às ruas. Procurar alguém, achar alguém. Abraçar, beijar, conversar, sentir, desfrutar, um momento com aquela obra-prima da natureza - a natureza feminil.
Saiu dali, achou melhor partir logo antes que voltasse aquela vontade louca de ficar sozinho e recolher-se, pegou o casaco, saiu. O dia era bom, nublado, frio. Clima perfeito, e pretexto perfeito para conseguir um abraço. Andou uma, duas, três quadras, ninguém. Parecia que as pessoas tinham fugido para longe, haviam se escondido - dele. Até que na quarta quadra encontra alguém. Achou que seria mais simples, que encontraria apenas uma paquera por aí, ou uma garota conhecida. Porém mais que isso, encontrara ela, que fez uma lágrima descer de seus olhos um dia. Aquela que conseguira um dia despertar seus mais profundos sentimentos. Ela vinha logo ali, a uns dez passos. Pararam, ficaram a se olhar uns cinco segundos até que ele soltou E aí, tudo bem? Sim, e você? Vou bem. Incrível a tranquilidade com que ela o olhava, era como se naquele momento não existisse mais nada além deles. O mundo agora não tinha a menor importância. Ele estava com ela, e sabia que tudo que mais quis um dia era viver o resto de sua vida ao lado daquela garota, que já via como uma mulher consagrada, perfeita e linda como era. Todos aqueles dias com intervalos grandes demais para ele, ela repetia que também sentia por ele o que acreditava sentir por ela. Isso o alegrava sobremaneira, dava-lhe forças para vencer aqueles dias sozinho. E agora ali, sabia que a um respiro estava toda a essência de sua vida, que era ela. Aquela sensação branda de tranquilidade o tomava, sabia que se pudesse ter ela, sua vida mudaria completamente, voltaria a ser feliz. Aquela presença já o mudara, não se arrependia de ter saído de casa, pelo contrário, agradecia a quem o tinha feito sair às ruas.
Num movimento mais ousado sentira o perfume. Aquele cheiro vinha carregado de boas lembranças, de momentos inesquecíveis. Aqueles olhos que podia contemplar agora, o desenho dos lábios, o nariz tão perfeito, o cabelo tão liso, tão negro, tão atraente. Sua tez branca como neve, tudo nela o enternecia, tudo nela provocava nele uma sensação divina. E o futuro talvez dependesse desse momento, uma dávida encontrá-la ali, não teria outro instante mais oportuno. Parecia combinado, predeterminado pelo destino aquele encontro. Sonhava com ela todos os dias, dormindo ou acordado, acreditava que assim tinha com ele sua presença. E que ela nunca o abandonara, onde estivesse tinha certeza que ele estava no pensamento dela. Era o que ela declarava sempre. O que acontecia entre eles só eles entendiam. Eram feitos um para o outro. Tudo que acontecera, todas as turbulências do namoro, quantas vezes já não tinham rompido, e quando se reencontravam ficavam como agora, a se contemplarem mutuamente com aquela incrível sensação de paz que sentiam apenas um na presença do outro. Mas hoje havia algo diferente, e sabia que apartir dali, tudo mudaria. Ele percebera o quanto a amava e o quanto precisava dela para viver. Daria tudo por ela. Era a mulher da sua vida.
Sem dizer uma palavra, tocou sua mão. Os dedos entrelaçaram-se. E, inesperadamente, os olhos dela se encheram de lágrimas, uma correu, e ela sorriu. Ele a contemplá-la, aquela garota tão linda que chorava agora de alegria por ele. Sorria também. Voltaram-se para um mesmo sentido, e ele não conseguiu segurar Onde ia? Te encontrar.

Lembrar

E quando eu me lembro de ti
Só quero escrever escrever
E sonhar
Eu consigo imaginar nós dois
Valsando em cima das brancas nuvens
Você vestida de majestade
Eu a te olhar e admirar
Todo o céu
Todo o universo
Apenas para nós dois
Um par perfeito
Dois em um
Um amor
Uma vida
A perfeição da vida.
Nada parece ter cor
E nada é
sem a sua presença.

sábado, 20 de março de 2010

Coisas

E a vida acontece lá fora. Pessoas, ruas, carros, lojas, convicções, facções, tristezas. Só quero ir onde tenho que ir e ganhar um abraço, uma palavra amiga, um aperto de mão sincero, um olhar nos olhos e deixar evidenciar-se todo o enternecimento da boa alma. Uma conversa, um aconchego, um riso, uma lágrima, uma música, um canto de pássaro, uma sombra, uma sintonia, é o que precisamos. Um minuto para nós mesmos. Para olhar a grandeza do universo e de toda a natureza que nos resta. O amor, a sinceridade, o carinho, a vida, o ar. O tempo que nos resta. Fazer uma boa ação enquanto vivemos. Olhar o horizonte. Sonhar. Viver. Sorrir. Abrir os braços para o céu e sentir a brisa fresca. O barulho do mar. A pessoa amada. A boa música. A noite escura. O sol. As nuvens. O coração. Coisas. Coisas.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Quarto

Às vezes você pensa ser normal, e as coisas no começo vão bem, mas de a pouco você não se encaixa mais, e você volta a ter a impressão que ali não é o seu lugar. Então você sai pela mesma porta que entra todos os dias. Mas não como ontem, nem como antes, agora você se sente estranho,e uma sensação estranha toma conta de você. Então, sem dizer nada a ninguém você sai, para desparecer, deixar os pensamentos fluírem, a imaginação voar, o vento fresco no rosto e sentir a paz em um momento. E ali, mesmo naquela fria noite, você não consegue, por não ser mais o mesmo, e você sente mudar. O mundo gira maas rápido, as lembranças vêm, e como num êxtase você eleva-se, talvez tenha conseguido a emancipação tão desejada, mas não. Tudo se passa num segundo, e você volta, ali, onde tudo começara numa manhã calma e sóbria de fevereiro. Passara-se tantos anos, você cresceu, não quis se formar, não quis procurar outra pessoa. Mas contudo os dias foram turbulentos, e aquela calmaria era só uma impressão falsa das grandes ondas que viriam. E hoje você recorda e por vezes ri, quando consegue, de tudo. Das gargalhadas embaixo da cama, das horas passadas najanela olhando a rua, Do caderno de confissões, tão sagrado, tão profano, você nem sabia, era um agora e outro no momento seguinte. Olhava as telas penduradas, desenhos bonitos próximo à porta, mas ao aproximar-se da cama, as telas tornavam-se sombrias, a dor apertava-lhe o peito, a saudade batia misturada com a mágoa e com a falta daquele carinho. Aquela pessoa amada, que fora, talvez para não voltar jamais. E por isso a esperança esvaía-se, o quarto escuro, luz apagada, sempre, e o som brando da flauta para acalmá-lo.

Vida

Plausível. Assim que eles querem, que você seja agradável e que tenha atitudes plausíveis. Só queria saber quando inventaram tudo isso. O ser humano é mal? Ou a sociedade que o corrompe? Alma é o quê, intelecto ou emoção? Nós temos de ser comportados mesmo? Quem de vocês sabe quando vai morrer? Ou quando vai cair de um penhasco? Ou quando vai acertar na loteria? Perguntas e mais perguntas. As respostas se retiram, preferem que o vazio tome seus lugares. Talvez não precisemos destas respostas. Talvez não nos seja "lícito" tê-las. Mas enfim, "quais são as palavras que eu quero mais repetir na vida? Felicidade, Paz, Fé; Felicidade, Paz, Sorte?!" A alegria está logo ali, por que não apanhá-la? Por que aprisionarmos a nós mesmos? Que mal tem em ser feliz? Trabalho existe, e daí? Já me disseram que sou vagabundo, talvez o seja aos olhos deles, mas antes de tudo, eu tenho princípios, princípio de ser original, de seguir o caminho. Então vamos seguir, porque não deixaremos mais os dias se tornarem escuros nem o medo nos tomar, agora somos livres, agora estamos lúcidos. E vamos seguir o caminho, sem prepotência, sem mistificações, nem mentiras, apenas seguindo alegre, contente, por essa estrada de flores, alegria, música e paz. A vida está aí, vamos enche-la com alguma coisa boa. Plante uma árvore, diga Obrigado, saúde, abrace, viva com alegria, somos vivos e precisamos viver.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Verdade

-Você tem dúvidas?
-Sim, muitas.
-Sei como é, eu tive muitas dúvidas, mas libertei-me delas, e sabe como? Conhecimento. Eu busquei, busquei muito. Li desde os pré-socráticos até os pós-modernos. Esclarece muitas coisas, mas ainda assim você não alcança a plena emancipação espiritual. Então li a Bíblia. Já leu o Sermão da Montanha?
-Não, ainda não.
-Lá tem toda a moral cristã num só capítulo. Discussões que tantos filósofos punham em pauta em tantos livros, Jesus com uma só frase as derruba e nos convida a aceitar a Verdade. Você tem contato com a Verdade, mas tome de outras fontes, busque, para que tudo se confirma e você liberte sua alma. As dúvidas nos colocam em cima do muro, e o mundo é forte, mas a mão de Deus é mais forte ainda. Contudo, a libertação você pode obte-la através da busca incessante pela confirmação da Verdade.
-Eu tenho ouvido falar que existem apenas verdades relativas, e que não existe uma verdade absoluta. Que vários caminhos levam à vida.
-Os homens fazem confusão. De pré-conceitos tentam fazer valer verdades. Mas a Verdade é uma só, que é Deus. E apenas um Caminho nos leva à Deus, à Salvação, e à Vida Eterna.
-E que caminho é esse?
-Jesus. Por sua morte nos deu a oportunidade de salvar nossas almas. Basta nos arrependermos de nossos pecados, passar pelas águas do Batismo e servir a Deus.
-E como sirvo a Deus?
-Existe apenas uma doutrina que é verdadeira. E essa doutrina se encontra no Evangelho. Nas cartas de Paulo, nos ensinamentos de Jesus. Busque, procure a Verdade, e ela te libertará.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Libertem-se

Convertam-se a Jesus, só ele pode nos salvar. O mundo se condenou, o inimigo de nossas almas tenta nos tragar todos os dias, lança seus atrativos e usa de artifícios para nos distrair com suas maldades e iniquidades, mas temos a chance de nos salvar. Temos hoje a oportunidade de procurar o caminho certo que nos conduzirá à vida eterna. Rejeitem o mal e ele fugirá de vós. Aceitem a Jesus, leiam a Bíblia, procurem paz para vossas almas. O mundo nada tem a nos oferecer, com ele está só a fadiga e tribulação dos dias. Tudo passa, todo prazer é tão fortuito, segundos, segundos de satisfação que jamais nos compensarão se perdermos a salvação. Por isso deixem de amar seus bens, renunciem o sucesso, renunciem a vida, renunciem a vós mesmos, por amor a Jesus, e sigam-no. Façam o bem e apregoem o santo Evangelho, os dias passam tão rapidamente, as nações se levantam, os conflitos se alarmam e mais que isso, o pecado toma conta de todos os cantos da terra. Não andem desapercebidos com as coisas desse mundo, pois viverão no máximo seus oitenta anos de aflição e dor, e a vida eterna é para sempre. Compreendem o significado e magnificência disto? Para sempre! A vida eterna! Convertam-se. Dêem seus bens aos pobres, não acumulem riquezas. Porque tudo isto provem do mal, tudo que é material é pecaminoso e ignomínio. Sirvam a Deus com simplicidade, leiam os ensinamentos de Jesus e as cartas do apóstolo Paulo. Servem de regra para nossos dias e nos ensinam como chegar a Deus. A simplicidade os guiará aos céus. Deus não habita na luxúria nem na acumulação de riquezas. Ele quer a riqueza de nossas almas, a pureza diante de Seu trono. Ajudem aos pobres, façamos o bem. "Mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha, que um rico entrar no céu." Libertem-se do materialismo e de todo o seu mal. Sigam a Jesus e vivam uma vida de simplicidade e paz. Ele quer nos salvar, aceitemos seus preceitos, Jesus está conosco.
O capitalismo que invade nossos lares sem permissão divulga todo seu falso encanto de conforto e bem-estar, mas por trás disto tudo só existe o mal, a corrupção, a podridão das trevas, o próprio satanás que deseja ganhar nossas almas. Mas nós podemos combater isto, nós podemos desmascarar toda a vilidade da escuridão que nos tenta persuadir com seus encantos. Livremo-nos do consumismo, do capitalismo, das propagandas enganosas que fazem muitas pessoas cairem no mar tenebroso de trevas e escuridão. Vamos distribuir nossas riquezas para quem precisa do pão para sobreviver, a quem precisa da água e de roupas para vestir, para quem precisa do cobertor em dias de frio, para quem precisa de um breve amparo para ver que nada está ainda perdido. Libertem-se. Vamos combater a esse imperialismo e a todo o seu mal que conduz as pessoas cegamente às trevas do pecado. Simplicidade, caridade e paz. Precisamos ajuntar tesouros no céu. Todo tesouro da terra traz destruição e é de procedência maligna. Libertemo-nos disto e sirvamos, lúcidos, a Deus.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Hoje

Interessante. Muito interessante a forma como mudamos com o passar do tempo. Quando criança, eu era extremamente tímido, e melancólico. Vivia nos galhos das árvores, por vezes passava todo o dia no mato. Quando em casa, ficava trancado no quarto tocando violino, desenhando, ou qualquer coisa que não necessitasse da presença de outrem. Ao entrar no EM, descobri uma quantidade de livros razoável na biblioteca da Oficina de Arte sobre Música, e foi aí que comecei a ler. Li toda a história da música, e cada compositor me impressionava, mas um se sobressaiu. E era, claro, o ilustre Ludwig van Beethoven. A personalidade forte, o caráter, o comportamento, as paixões, tudo isso me cativava. E Beethoven era um cara extremamente retraído também, só que não por insegurança, mas por orgulho. Ele admitia que não precisava da ajuda de ninguém, e que seria conhecido no mundo todo com sua própria força. Enfim, foi assim, me retraindo cada vez mais que se passaram os dias. E eu ficava cada vez mais introvertido. E assim passou-se todo aquele 1º ano do colegial.
No 2º, eu comecei a trabalhar e estudar a noite e, claro, tudo mudou absurdamente na minha vida. Comecei a ouvir a Mix, que não conhecia até então, e o estilo Hip Hop fez eu mudar de ideia. Como todos sabem, à noite só dá bagunceiro na escola, foi assim que eu forçosamente mudei. Mudei as roupas, o comportamento, os gostos, as amizades, o modo de pensar. E assim continuei, esqueci música clássica, conservatório, compositores, tudo. É evidente que, nesse momento, em virtude do trabalho, das amizades, e do estilo, eu perdi toda a introversão. Fiquei muito mais expansivo, afinal, eu já não me preocupava com o que pensavam sobre mim.
No 3º saí do emprego para trabalhar em casa. Continuei estudando à noite, porém com outras ideias. Voltei a ler avidamente. Li muitos filósofos, dentre os que mais gostei estão Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Marx, Freud - este que fez com que eu ficasse obcecado por toda a psicanálise. Piaget - maravilhoso. Sem contar literatura universal - Dostoiévski, Fielding, Gaarder, Kafka, Saramago, e ele, Machado de Assis. Bom, a partir disto dá pra se ter uma ideia do quanto mudei. Do Hip Hop à intelectualidade. Pois bem, num momento tive contato com o Espiritismo, lendo mesmo sem saber que era. E toda aquela espiritualidade, aquela aversão ao materialismo me cativava. Mas então descobri que era tudo mentira. Então me tornei um extremo esquerdista, exaltando o Comunismo. Mas também descobri que era mentira. Então decidi ler a Bíblia, e ali encontrei toda a Verdade. Hoje se me perguntassem o que eu sou, responderia: um cristão, um servo de Deus. Talvez não tão fervoroso quanto deveria, mas ainda assim convicto.

Ambíguo

Sinceramente, eu não sabia qual era o seu problema, descobrira a verdade mas insistia na mentira. Pra que, afinal, querer trocar a eternidade, ainda que não intencionalmente mas consequentemente! Ele deveria dar ouvido àquela voz do coração que mostrava a ele o que fazer. Mas não, tomava iniciativas próprias para conseguir ser mais efetivo, ler mais, falar mais, viver mais. Sentia um vazio, sabia que os outros talvez o admirassem por suas ações, mas por dentro ele sentia o vazio, e uma angústia, ainda que branda mas presente. Ora assim, ora doutro jeito. Muito indeciso, a verdade estampada, conhecia-a, escrevia sobre ela, pensava nela, falava dela. Mas pela sedução - palavra dura - inclinava-se para outros comportamentos decorrentes do modo como pensava ou do modo que queria pensar. A efetividade era evidente assim como a irritação e o vazio. Tudo por querer ser mais, ter mais sucesso, conseguir as coisas mais rapidamente por força própria. Mas assim, os dias se passavam e ele na dúvida, ou melhor, numa falsa dúvida, pois sabia que o caminho certo era aquele que rejeitara - pesado.
Mas não se perdera de todo, teve a oportunidade de escolher a verdade. E, desde então, não soube de mais nada. Pode ser que tenha escolhido o bom caminho ou pode ser que tenha continuado naquela falsa esperança do sucesso. Talvez tenha ficado imparcial, talvez tenha se cansado de princípios. Talvez ele nem exista mais. Talvez eu esteja vendo o seu futuro.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ilusão Lá Fora

Eu olho aqui e não adianta... tenho que postar. Mas nem sei sobre o que falar. Talvez sobre a paz que sinto agora, e a não preocupação com as coisas dessa vida. Às vezes me vem 'propostas' lá do inconsciente a fim de eu me dedicar a isto ou àquilo, mas não adianta, já tenho experimentado muitas coisas, o que eu quero mesmo é ser sincero e quero paz. E eu a tenho. Encontrei-a onde muitos sabem onde podem a encontrar: no santo Evangelho. Ali temos tudo absolutamente o que devemos fazer, por onde andar, o que pensar, o que dizer. Este mundo está condenado. Pra que tanto corre-corre? Tudo vai queimar um dia. Vamos servir a Deus! Ele alimenta aos animais, e mais ainda a nós que somos seus filhos?! "Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. Mat 6:34," palavras de nosso Senhor, então por que nos preocuparmos tanto? Ora, deixemos o mundo com todo o seu mal, com seu terror, com suas incredulidades e abominações. Nossos caminhos estão traçados, rumo ao Reino dos Céus. Um mundo tão materialista, onde todos pensam em ganhar, ser alguém importante, ter títulos e reconhecimento, e no fim tudo isso não vale pra nada, suas riquezas, seus corpos e sua falsa importância, tudo vai queimar junto. Vamos juntar tesouros no céu e deixar de lado toda ambição, e todo o mal desse mundo. Satanás quer levar o máximo de pessoas para a perdição, mas vamos nos apegar à Jesus, que é a nossa salvação. Vamos ler mais as Sagradas Escrituras, vamos orar, vamos à casa de Deus, vamos louvá-Lo, porque só ele pode nos salvar, e não vamos temer o mal, nem os que podem fazer mal à nossa carne. Mas vamos temer em desagradar a Deus. O pecado está aí, querendo nos seduzir, mas vamos rejeitá-lo de todo e nos voltarmos para fazer o que é reto. Pra que dinheiro? Ele não nos levará a lugar nenhum, ele só traz desgosto e mais ambição. Vamos ser santos, ter o coração limpo, e vamos nos livrar destas coisas materiais, porque tudo vai queimar um dia! O tempo que passamos aqui na terra com relação à eternidade é como um grãozinho de arroz num grande saco, é quase nada. Não vamos perder a eternidade por causa do pecado dessa vida tão fortuita!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Passagem

Já não era mais um problema. Os dias eram calmos agora, quando ouvia-se uma voz um pouco mais elevada lembrava-se das mudanças dos últimos dias. E a calmaria, a sua 'paz de espírito', como gostava de chamar, batia-lha à porta do coração. Foi conflitante em verdade todo esse mar de turbulências por que passou, tudo por querer não deixar de lado o que sempre quis, sua missão. Por vezes parecia bobo querer ser diferente, mas na verdade ele não podia mais ceder. Sim, ele tinha um caminho. E agora queria segui-lo. E a sua convicção era forte. Deixava de lado tudo que considerava banal, e corria atrás de buscar mundos novos, mundos do passado. Na História encontrava seu mundo. Todos aqueles grandes heróis e vilões ao mesmo tempo, Napoleão, Alexandre, Kennedy, Getúlio, de qualquer lugar do mundo encontrava as melhores personagens da História. Tudo isso o cativava, e descobrira que queria ser professor, de Música, de Filosofia, de Sociologia, História, fosse o que fosse, ele aspirava àquela relação professor-aluno. Pensara até em Pedagogia. Admirava imensamente dois grandes nomes na Educação, Piaget e Paulo Freire. Lia-os avidamente, guardando tudo o que encontrava destes dois grandes homens e educadores que foram. No seu coração questionava o modo como aqueles seus professores ensinavam, ou como faziam de conta que ensinavam. E a irresponsabilidade daqueles recém-formados o indignava, dizia às vezes que iria revolucionar o sistema educacional. Parecia bobo, ou prepotente, mas na verdade tudo isso fazia muito sentido para ele, e ele se importava.
Brincava de ser escritor, lia e relia grandes autores, o pai indignava-se. Trabalhava com um livro do lado, comia lendo, e ia dormir lendo também. Sonhava, e de tudo a sua volta queria fazer literatura. A vida poderia ter muitos sentidos, mas o que estava mais próximo era o mais falso. Olhava, não com indiferença, nem com indignação as pessoas vulgares, mas tinha qualquer aversão por elas que fazia com que ele se distanciasse mais e mais. Sua vida virara um universo de histórias, histórias, e música, muita música. O som dos anjos. E nesse mundo nos expandimos. Os dias significavam nada mais que uma corrida intelectual. Queria só ler, ler, ler, aprender, saber do mundo todo. Queria uma biblioteca, mas sabia que era caro ter uma. Nunca tivera ambição, o dinheiro significava qualquer coisa de repugnante. Sua ambição era intelectual, sim, parecia que toda sua vida girava em torno disso. Sonhava estar um dia no meio dos grandes intelectuais discutindo a política internacional, a sociedade, a filosofia contemporânea, a arte... Queria inventar, queria ser famoso. Queria tanta coisa. E o mais impressionante era a sua fé, e a sua coragem. Não duvidava de nada. Lembrava-se "Para Deus tudo é possível", e ele sabia que era um dos filhos Dele. Lera toda a Bíblia. Cada palavra do Evangelho era como um vento suave que percorria seu interior e limpava sua alma. A pureza daquelas palavras o levava até ao céu e o trazia novamente, brando, sereno, límpido. A moral cristã... nada mais correto.
Olhava o mundo lá fora e fazia-se tantas perguntas. Parecia a Sofia de Gaarder. Aquela garotinha que aprendera a ver o mundo com outros olhos, também o cativava. Quem dera um livro seu um dia fizesse tanto sucesso. Sabia que nada era impossível.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Foi

Olá galera, mais um post aí. São tantos assuntos, que às vezes nos perdemos no meio desse mar de letras, dizeres, nomes e renomes. Mas então, aquela moça ali de baixo, a Jhenifer... rolou. Rolou quinta, sexta à noite... e foi ótimo, ela é linda sim, mais ainda que eu imaginava. Ela deixou um namorado lá onde morava, quando foi se despedir dele, não estava em casa... e assim que ela veio - sem rumo, sem saber absolutamente o que fazer da sua vida amorosa. Mas nos encontramos, acho que depois desses dias ela já esqueceu o outro. Percebo a animação dela, os dias já não parecem tão tediosos pra ela... já até aceitou se casar comigo... de brincadeira claro, mas toda brincadeira tem um fundo de verdade. Não digo que to gostando dela também, mas ainda assim sinto uma forte atração por ela. Pode ser que role alguma séria entre a gente, tudo é tão improvável. Na verdade se continuássemos assim, sem compromisso, tava ótimo. Mas enfim, seja como for.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Salvação

O que será que aconteceu com o Saramago? Ele não posta mais... Deve andar doente a figura, ou vai ver já não se importa tanto com a humanidade - pouco provável, mas é uma possibilidade. Muitos sabem: Saramago é ateu, comunista. Não ateu necessariamente por ser comunista. João Pedro Stédile, diretor do MST, ativista que luta pelos trabalhadores brasileiros desde 79 diz que o Marxismo e o Teísmo não se contradizem, antes, se conciliam, o que é verdade. Ora, na URSS os jovens eram não só desestimulados ao sexualismo como eram fortemente reprimidos. Qualquer distração erótica poderia tirar a concentração dos ideais comunistas, e levar os jovens à ociosidade e ao vício. Bem sabemos que o comunismo só pode levar os jovens para o bom caminho.
Mas voltando ao cara que é um dos maiores romancistas vivo, ele abandonou de vez o seu Caderno. Pensei que escreveria algo sobre o Haiti, mas o episódio que se passou lá e ainda se passa parece que não motivou nosso grande escritor a escrever sobre. Deve estar trabalhando em um novo livro.
É incrível como o comunismo faz você se voltar para assuntos nobres, e ainda que um comunista refute a idéia de 'Deus', ele sempre está a seguir uma moral quase cristã. Porque é o vício e o ócio que faz você se distanciar d'Ele. E o comunismo te motiva ao trabalho, ao estudo, à seriedade. E isso faz com que você, inevitavelmente siga uma moral tão rígida, abominando todo e qualquer tipo de distração.
Digo tudo isso, não que eu seja comunista. Apesar de a alguns posts abaixo ter me auto-denominado comunista. Porque a minha vida talvez não esteja paralela aos ideais comunistas. Meu pai e eu temos uma pequena empresa, uma gráfica, somos micro-empreendedores. E claro, corremos o dia todo atrás dos serviços para fazer lucrar nossa empresa - isso não tem nada que ver absolutamente com idéias marxistas. Mas no fundo, existe alguém em mim que consegue enxergar além destas paredes. Alguém que consegue olhar de cima, não minha família, nem minha comunidade, mas o mundo, e para onde está caminhando. Sabemos bem que vai de mal a pior, e a tendência é piorar ainda mais. Não são minhas palavras, mas de nosso Senhor. E mais que isso, sabemos que não é um novo sistema sócio-econômico, ainda menos qualquer dos que já existem que vai salvar a humanidade. Deste mundo nada mais podemos esperar. A salvação é Ele: Cristo.
Interessante como eu viajo por tantas convicções mas no final meus pensamentos sempre convergem para um mesmo ponto: a Graça. Encontrei a Luz, graças ao Bom Deus, agradeço por isso todos os dias. Sei que se não fosse a Sua Infinita Misericórdia eu não estaria agora aqui, falando d'Ele. Poderia estar em tantos lugares sem lembrar que devemos gratidão, mas não, estou aqui, completamente lúcido, com esperança de ir morar um dia com Ele. Que todos vocês possam receber a Graça também, para que juntos preguemos o Evangelho de Cristo, para que todos esqueçam de vez que pode ter um paraíso na terra. Larguem as convicções do mundo, os lucros, o enfado, a canseira dos estudos, do trabalho, e se convertam a Cristo, e O louvem.

- Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mat 6:33.

- Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Mat 16:25.

Deus nos abençõe.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Segunda-Feira

- Oi Nicole tudo bem? Dae Jhonatan? Quem é ela?
- É a Jhenifer.
- A nova vizinha?
- Aham.
- Eu ouvi falar de você, o Marlon me contou. Ele já deu em cima de você?
- Já.
- E você?
- Eu não aceitei.
- Mas ele disse pra você ou pediu pra Nicole intimar?
- Pediu pra ela e... me dava indiretas.
- Ah não, assim não, indireta nem sempre vocês entendem!
- Nossa, valeu aí!
- Haha, mas é sério, tem que ser assim: quer ficar comigo?
- Hahaha, não sei...
- Vai pensar?
- Vou.
- Então tá. Nicole, e o esquema lá, não leva mais tua prima, leva a Jhenifer que é mais bonita tá bom?
- Haha, tá .
- Nossa, como você é linda..!
- Valeu.
- Bom eu vou nessa, e não esquece, a gente marca lá e sai junto, tá Jhenifer?
- Tá bom.
- Até.
- Tchau.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Amigo

Aula de Responsabilidade Social e um assunto importantérrimo: a sua demanda. Qual a nossa demanda? Será que têm pessoas aí que realmente precisam de nós? Existe alguém por aí que nos procura a fim de que possamos ajudá-las, e que suas vidas podem melhorar com o nosso apoio? Sem dúvida. Eu, hoje, posso dizer que a minha demanda, a procura que as pessoas têm por mim caiu significativamente nos últimos dois anos. E não é pra menos, muitos que hoje não estão a minha volta, eu os lancei fora, e por quê? Bobagens, estilo novo, querer vida nova... todas coisas passageiras que hoje me arrependo até o último por ter, não desprezado, mas não ter dado o devido valor. E, por isso, lá estão dispersas quando em verdade poderíamos estar juntos nos ajudando. Mas também eu não deixo de correr atrás de toda amizade perdida, que um amigo perto ou longe sempre é um amigo e sempre nos pode ajudar.
Em termos precisos, a procura das pessoas por mim é por causa da música, em virtude do fato de tocar em casamentos, mas também aqueles que chamam para sair que sentem prazer com a minha companhia, pode-se dizer que não são muitos, mas os poucos são verdadeiros, e isso que importa. Até tempinhos atrás era incrível como as pessoas me procuravam para contar dos seus problemas, parece que eu sempre tinha um bom conselho, um consolo, era um bom ouvinte. E as pessoas se agradavam em me comunicar seus problemas justamente por saber que eu poderia ajudá-las. E era bom. Me sentia imensamente útil, e feliz por ajudar outrem de uma forma tão especial. Depois eu fui perdendo esse dom de ouvinte, talvez propositadamente, porque quando via o modo como os outros guris desprezavam esses assuntos emocionais eu me sentia constrangido por super valorizar isso. E eu queria me juntar a eles. Foi aí que comecei a desprezar também, comecei a achar que era coisa de menina, que isso não era pra piá, e foi aí que comecei a perder as mais valiosas amizades. Depois consegui enxergar o quanto aquelas pessoas me valorizaram, o quanto eu era especial para elas, a ponto de elas me revelarem seus mais ocultos segredos e me contarem dos seus mais profundos sentimentos. Hoje vejo quão tolo eu fui. Vejo a vulgaridade daqueles guris e isso me enoja. Luto agora para reconquistar todas essas grandes amizades, verdadeiras amizades, onde não se sentia vergonha dos sentimentos, antes revelávamos uns aos outros e assim nos sentíamos mais leves. Contávamos tudo, sem censuras, sem vulgo, falávamos do que há de mais nobre dentro de nós: a subjetividade.
Tempos bons, tempos maravilhosos, onde eu via verdadeiramente em que consistia uma grande amizade, a que ponto vai a confiança e o carinho. Hoje talvez não desconheça de todo, mas pelo desprezo que atribuí a estas coisas, pago por querer esses amigos e não tê-los mais. Mas é assim que aprendemos a viver, errando. Sinto falta dela me contando seus problemas e eu a abraçando e vendo em seus olhos o brilho da satisfação e do reconhecimento: um amigo. Que maravilha, eu era um ótimo amigo. Sinto falta daquele Mateus tão bom e compreensivo, incapaz de fazer mal a uma mosca, que tinha sempre uma palavra linda de conforto, de carinho, de amor... que as pessoas o procuravam em lágrimas com a certeza de que ele as confortaria, bons tempos. Mas eu vou lutar pra tê-las novamente, para que minha vida tenha sentido. Para eu não viver mais na mesmice dos dias sem as lágrimas delas, sem o carinho, sem a demanda. Porque a demanda em si talvez não seja motivo para nos orgulharmos, mas o que nos orgulha, o que nos faz ver o sentido da vida é quando aquela chega a você e diz: Preciso de você. Você me conforta, com você eu tenho paz, me sinto segura, com você meus problemas desaparecem, você enxuga minhas lágrimas e dá alegria ao meu coração. Isto faz eu ver a importancia que temos aqui. Que o mundo nada é sem o abraço, sem aquele beijo gostoso de carinho, sem aquela palavra de agradecimento, sem um amigo verdadeiro. E agora eu vejo quem merece o desprezo, e a que se deve o reconhecimento. Não os abandonarei mais.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Luz

Há algumas pessoas que parece tolo quando estas dizem estar passando por grande tribulação, fadigas, desanimos e depressões, sendo que estas pessoas conhecem a Palavra. Por que não A seguem? Cada linha se faz tão claro nossos caminhos, e ainda assim essas pessoas preferem continuarem na escuridão dos caminhos tortuosos e buscando a felicidade em lugares onde nunca a acharão. Essas pessoas tem sorte de conhecerem a Palavra, segui-La depende apenas delas. Deus nos mostra claro o caminho da Luz e o das trevas, só escolher. E fazer o bem é fácil, a alguns parece incrivelmente difícil seguir a doutrina de Cristo, quando em verdade o bem está sempre a nossa frente, só cabe a nós fazer as boas ações, falar a Verdade da Palavra Divina e seguir os passos do Mestre.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Passado do futuro

Ano novo, bom, ótimo. Que surjam novas oportunidades, ou melhor, que as façamos surgir. Aquela velha história dos nosso caminhos: criamos ou eles aparecem à la vonte? Parece-nos estranho ter que aceitar nossos destinos, e a vida dá tantas voltas, culpá-lo de nossas quedas é fácil. Difícil é pensar que nossos erros são sempre erros. E que nossos acertos são fruto de nosso esforço. Será mesmo isso verdade? Às vezes tudo soa tão prepotente e hipócrita. Melhor seria pensar que o cosmos pode nos ajudar, ou que então nossa trilha traçada nos guia todos os dias à mercê dos eventos pré-estabelecidos? E nossas escolhas, será tudo bobagem? Hoje é apenas o primeiro dia do ano e claro, muitas coisas vão acontecer, muitas voltas vamos dar novamente, mas eu, com toda a sinceridade, não quero mais ter que aturar todas essas dúvidas. E ainda assim, que fazer? Vamos trabalhar muito para enriquecer! Mas e se eu não durar mais dois anos? Vamos aproveitar a vida! Mas e se eu viver ainda cinquenta anos? Quantas dúvidas me assolam, e vão continuar por quanto tempo...
Mas, contudo, viver é bom. Essa frasesinha sempre está de prontidão na minha mente, claro que não voluntariamente, devo ter lido em qualquer desses livros estúpidos de auto-ajuda. E o pior de tudo é a incerteza do futuro, a instabilidade de nossos dias, de nossas convicções, que quase deixam de ser pela fraqueza, não de sua estrutura mas da corrosão provocada pela turbulência dos tempos. E nossas mentes cada vez mais vazias. Onde estão aquelas ideias tão boas, aquela motivação que eu tinha aos 15 anos? Vontade de ser compositor, músico, escritor, famoso, tantos sonhos e hoje apenas uma sombra de esperança deles resta. A tristeza e a melancolia dos dias...
Vejo em que tornei-me agora, ou melhor, em que não me tornei. Sou apenas um músico amador que toca em casamentos, mas que contudo, aspiro ainda a muitas coisas. Talvez não seja aquela fé que eu precisava ter, talvez seja apenas um "pode ser que aconteça..." e isso não é de todo ruim, significa que algo dentro de mim não desapareceu ainda, a motivação não é a mesma, mas também não estou um completo morto. Considero perdidos esses dois anos que saí da escola, sem estudar é como se nada fizesse sentido, continuo lendo em casa, não o quanto lia no colegial,
mas ainda assim, porém é como se eu estivesse num vasto campo, onde pareço ter liberdade, mas no fundo não sei ainda que rumo tomar. Ora penso neste, ora naquele, mas no final todos convergem a um mesmo ponto: o vazio. E por mais que eu tente disfarçar isto, é a impressão mais profunda que tenho de tudo. As marcas permanecem tão vivas aqui, e ao mesmo tempo essa neblina que cobre meus olhos e a minha vida fazem tudo desaparecer num segundo. E eu procuro o amor, a paz, a serenidade, a união, a amizade, onde estão... não os encontro, e por vezes a busca se torna enfadonha. Desistimos para recomeçar no momento seguinte, como um ciclo que nunca acaba. E nos desgastamos, pedaços de nós vai ficando no passado, e cada novo episódio só confirma a tristeza e a melancolia da vida. Acho que não tenho mais convicções, talvez seja já um fracassado, mas eu ainda me pergunto se algum destes que se julgam tão úteis, no fim não sentem o mesmo: as evasivas do não-ser.